segunda-feira, 20 de junho de 2011

Palestra sobre o Teatro de Gil Vicente

"O auto da barca do inferno", do teatrólogo Gil Vicente, faz parte da trilogia das barcas, ou seja, a Barca da Glória, a Barca do Purgatório e a Barca do Inferno. Toda a trilogia tem como objetivo mudar os comportamentos humanos que Gil Vicente julga inadequados como: orgulho, avareza e luxúria.


Nós, no dia 27 de abril, estivemos pela segunda vez na Etec Camargo Aranha para conversar com os alunos do 1º EM e apresentar Gil Vicente e seu teatro.

Nossa intenção foi que, os alunos, assim como nós, fizéssemos como disse um dia Fernando Pessoa: "Navegar é preciso; viver não é preciso".

Navegue você também revendo um pouco do que foi nossa apresentação, bem como as fotos que registraram momentos muito especiais para nós.

Florence e Yvanize












quarta-feira, 30 de março de 2011

Números de deixar a boca seca

Fiquei estarrecida com os números da água e aqui os apresentarei para que os senhores cuidem de seus jardins.
Vamos a eles, os números:

70% do planeta Terra é água.

3% dessa água é doce, desses 70% é geleira, 29% aqüíferos e apenas 1% é constituído por rios, lagos, solo e biota.

No Brasil estamos usando nossa água da seguinte maneira:

59% é destinada a irrigação;

19% está nas mãos da indústria;

22% é para uso doméstico.

O Brasil possui 11,6% da água doce superficial do mundo, que está distribuído nas regiões do seguinte modo:


1º) Região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Recursos hídricos – 68% (maior recurso hídrico).
Ocupação populacional – 6,98%

2º) Região Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Recursos hídricos – 3%
Ocupação populacional – 28,9% (segunda maior ocupação populacional do país)

3º) Região Centro-Oeste: Mato Grasso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.
Recursos hídricos – 16%
Ocupação populacional – 6,41% (menor ocupação populacional do país).

4º) Região Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Recursos hídricos – 6%
Ocupação populacional – 42,65% (maior ocupação populacional do país).

5º) Região Sul: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Recursos hídricos – 7%
Ocupação populacional – 15,05%

Gráfico águas/região

População Mundial – 6 bilhões de pessoas, dessas, 3 bilhões enfrentam problemas de abastecimento de água.
Na capital paulista são aproximadamente 10 milhões de habitantes, 3 milhões já sofrem com problemas de racionamento.
Temos 1% de água potável para distribuir pela Terra que tem 6 bilhões de habitantes.
Como a maneira que vemos as coisas é afetada pelo que sabemos, mil perdões por incomodar, mas agora você já sabe.















Que falta ela nos faz!

Há pessoas muito fortes, estão muito além desse nosso tempo, tempo egoísta, tempo de querer sempre mais e mais!
Que orgulho devíamos ter dos fortes, adaptam-se a desertos ou a lugares muito secos, resistem à inclemência e à quase impossibilidade de sobrevivência no sertão semiárido, lutam bravamente pela vida, que mingua a cada instante pela permanente ameaça de morte.

Secas prolongadas, solo tão seco “que é possível andar a cavalo por dentro dele, levantando poeira de seu leito”, diria Euclides da Cunha em Os sertões.



Terra seca, vida seca, que falta ela nos faz! A água esse bem tão precioso e tão desperdiçado. Falta de consciência, falta de cuidado com o outro, falta de água.

Um olhar impactante como o da Florence e um olhar romanceado, esse meu, mas ambos procuram urgentemente o seu olhar e que ele seja reflexivo, pois agora você já sabe.


Florence e Yvanize

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FLORIPA: diversão e reflexão

“Que não seja imortal posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure.”



Assim como Vinícius escreveu um dia, a sensação que tenho é exatamente essa ao estar entre jovens durante cinco dias na ilha de Florianópolis. Como é bom ter a oportunidade de ficar alguns dias entre adolescentes, momentos que passam, mas que certamente são infinitos e durarão para sempre em nossa memória.

Poder observar discussões passageiras, alegrias compartilhadas, lembranças de ocasiões marcantes num transbordar de emoções, muitas vezes, contagiantes são flashes que povoaram minha mente quando retornei ao meu dia a dia.

Renovo minha esperança nos jovens ao perceber que têm o fundamental para o sucesso: garra, companheirismo e sede de viver, estão prontos para enfrentar o que a vida exigir deles, pois adquiriram de seus pais e professores a percepção de que não só o conhecimento é importante, mas também estar sempre aberto a ajudar e a aprender.

Dentre o grupo de jovens que compunha a viagem, alguém em especial chamou minha atenção, uma garota portadora de uma necessidade especial, sempre muito bem assistida por outra jovem e também pelos amigos que a cercavam constantemente de atenção e carinho.

Nos primeiros dias ela me passou meio despercebida, cadeira de rodas, muletas para caminhar e amigas para conversar. Aos poucos fui percebendo sua determinação em estar presente a todos os passeios, fossem à praia ou à balada.

Em nenhum momento ela transpareceu tristeza pela sua condição, fazia questão de participar, mesmo com uma visível dificuldade até para dar pequenos passos, num esforço enorme equilibrando seu corpo e direcionando sua mente de maneira absolutamente admirável.

Percebi depois que ela possuía também dificuldade de comunicar-se, uma fala lenta e entrecortada por palavras soltas, porém inteligíveis. Suspeitei de que sua mente deveria estar intacta bem como sua inteligência, não me enganei, ela está na segunda fase da Fuvest.

Incluída e inserida, ela me levou a refletir como alguns jovens de hoje têm aceitado com mais facilidade sua condição de diferente dentre uma maioria considerada “normal”.

Por outro lado, o acolhimento ao diferente também mudou, sobretudo porque aceita, faz questão de ajudar, não discrimina e compreende.

Não poderia, em absoluto, deixar de registrar também algumas conversas diurnas e noturnas que tive com garotos e garotas do nosso colégio e que fizeram questão de relembrar momentos de alguém muito marcante na sua trajetória escolar.

Refiro-me à professora Florence, que para minha sorte hoje é minha parceira de trabalho, e que esteve presente na lembrança desses alunos de uma forma muito especial.

Muito riso, muita bronca, muita chamada à razão, muito conhecimento e muito amor pelo que faz, além de transparência e coerência no agir, foram os depoimentos dados por esses jovens a respeito de quem estará guardado em suas memórias sempre que alguém falar da Física.

Sinto-me feliz pelo que recebi deles, não só nesses cinco dias, mas durante os três anos de Ensino Médio e que fortaleceram minha esperança nos jovens em manter a chama da dignidade e da solidariedade sempre acesa no coração de cada um deles.

Obrigada a vocês, queridos alunos, por permitirem que eu e a Florence fizéssemos parte de bons momentos em suas vidas, estando atualmente presentes ou não.

Lembrem-se sempre: vocês vieram a esta vida unicamente para serem felizes.

Beijos carinhosos

Yvanize

Janeiro/2011

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nosso site está no ar


Caros amigos, trabalhamos duro para colocar nosso site no ar ainda este ano, aguardamos sua visita por lá, clique em qualquer dos links abaixo:

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma tarde pra lembrar



Numa tarde quente de primavera, num típico mês de novembro na cidade de São Paulo, mais especificamente no último dia 3, tivemos a oportunidade de falar muito de perto com jovens de um 3º ano do Ensino Médio na Etec Prof. Camargo Aranha.

Fomos recebidas com muita gentileza pela coordenadora Daniela, que prontamente nos levou ao auditório para nossa “conversa”, um tanto quanto inovadora, com os alunos.

Um fundo musical os recepcionou e nossa satisfação teve início ao percebermos que, ao entrar, muitos deles cantavam acompanhando a bela canção da Ana Carolina e Seu Jorge.

“É isso aí”, queridos le
itores, animadas ficamos nós também ao notar a curiosidade natural em muitos deles, imaginando o que faríamos a seguir.

Nossa proposta trouxe um novo olhar para a Física e a Literatura que juntas aproximaram ciência e arte por meio de uma pintura do expressionista Edvard Munch.

Ficamos muito à vontade, pois a platéia, composta de jovens alegres, saudáveis e de bem com a vida, expressava de forma clara suas emoções, num remexer de corpo nas cadeiras, risos aqui e acolá, balançar de cabeças e olhos bem abertos para apreender e compreender o novo.

É impossível não perceber numa platéia de jovens um emanar de vida pulsante, percebida com muita clareza por nós duas, acostumadas que estamos com esse universo fascinante.

Em meio a textos, telas, poemas, ondulatória, acústica e timbres, além, é claro, de muito riso e descontração, terminamos nossa apresentação com a certeza de que tanto nós, quanto os jovens, fazemos parte de um universo que clama por integração, tolerância e vontade de ser melhor a cada dia, acreditando que a clareza, o compromisso e a honestidade num trabalho são prazeres que ninguém tira de nós.

Obrigada aos que nos receberam com carinho e atenção. Até breve...



Florence e Yvanize

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Literatura, Física e Pintura: um jogo sem cartas marcadas

Uma reflexão de ideias é o que proponho a você, leitor, num convite explícito a olhar as belezas da Física através da pintura, algo aparentemente impossível, mas sobretudo surpreendente.
Quanto à Literatura, sabe-se que é, antes de tudo, um modo de ver e sentir o mundo recriado pelo olhar de quem escreve.Assim também é a Pintura, uma arte subjetiva, que mostra a face interna do artista, sua verdadeira alma.
Uma nova construção unindo ciência e arte que, a princípio parece absurdo, se apresentará vestida de cores e formas que compartilharão o objetivo e o subjetivo.Ambas nos transportam intensamente a um tempo que não é meu, nem seu, mas passa a ser nosso, quando imaginamos lugares, nos identificamos com personagens e podemos deixar aflorar sentimentos guardados no fundo do nosso ser.
Um diálogo incessante com a Física nos impulsiona a vê-la bela, pois observá-la cuidadosamente nos faz encontrar nessa ciência encantamentos inimagináveis. O mesmo encantamento ocorre no momento em que se é apresentada à Pintura, quando ao admirar uma obra de arte percebe-se, através de imagens que flutuam diante de nossos olhos, alguém que, sem a menor pretensão, se mostra de maneira absolutamente clara e transparente, a Física.
Encontrá-la em padrões que se repetem, que não se repetem, em padrões inusitados, em traços, em formas, em cores, enfim em pensamentos, expressões e sentimentos. Buscar traduzir conceitos visuais em materialização de fenômenos, relatar elementos da Física e das leis da natureza a partir da leitura de imagens. Na tentativa de entrelaçar a forma da natureza gráfica e a Física, aproximamos linguagem e processos mecânicos.
Entregues de forma única à palavra ou à tela do artista, somos levados a participar de um jogo que vencer é sentir até à última linha ou até a última pincelada, analisando cada palavra, cada cor e cada traço, sabendo o momento exato de invadir de forma definitiva, o eu do artista aplicando-lhe o xeque mate.
Observe, caro leitor, algumas obras de arte e tente encontrar a Física e a Literatura nelas.


Escher
 
Salvador Dali

 












Van Gogh

         
  










A liberdade da análise advém da certeza de que uma nova forma de linguagem contribuirá para a compreensão e estreitamento, em particular, da Física e da Literatura através da Pintura, reconhecendo que, em detrimento de quaisquer observações realizadas, ambas continuarão a ser o que sempre foram, porém um novo olhar será unicamente seu.

Até o próximo encontro...
Florence e Yvanize!



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Olhar é um ato de escolha

"A minha vida se resume,
desconhecida e transitória,
em contornar teu pensamento".
Cecilia Meireles


Falando de um tempo: as Vanguardas

A quebra de valores artísticos tradicionais e a busca de técnicas para uma nova realidade do século XX, foram as propostas das vanguardas européias.
Um sentimento de liberdade para criar, o desejo de romper com o passado e certo irracionalismo, além da subjetividade, aproximaram tendências surgidas na Europa e que atingiram o mundo ocidental.
Não só a arte se transforma, há um cenário repleto de invenções, desenvolvimento científico e tecnológico, guerra, lutas sociais e revolução comunista que prepararam a grande renovação modernista.
Durante um momento tão conturbado, mas ao mesmo tempo tão inovador, surge o Expressionismo, uma das vanguardas, em que o essencial era registrar a expressão do mundo, a imagem distorcida, pouco se importando com o belo ou o feio e sim em tornar-se uma forma de contestação.
Viver a dor remete o sentido trágico da vida deformando-a significativamente. Não há obstáculos no campo das convenções e a repressão social é repudiada como nunca.

Uma obra de arte conta uma história, remonta um tempo passado...
Um dos pintores de maior destaque no Expressionismo foi o norueguês Edvard Munch e sua tela “O grito” (1893). Observar com bastante cuidado essa bela obra, nos faz perceber que homem e natureza compartilham o mesmo medo, a mesma angústia.
Observa-se que, em maior ou menor escala, as camadas de ar se entrelaçam e se movimentam em ziguezagues e se expandem pelo universo, fundamentando os conceitos experimentais abordados pela acústica.
São linhas onduladas que se ressentem ao ouvir o som de um grito e que reagem imediatamente de forma impactante, transformando ceu e terra numa grande e sonora cena de horror. As linhas retas, a princípio tão impassíveis ao grito, conduzem nosso olhar para a figura principal do quadro.
No quadro, a temática destinada a expressar o ato de vibração do ar, em conseqüência do grito, é passível de concretização através das ondas que se propagam no espaço, e que, são facilmente vinculadas à acústica, uma vez que conseguimos “ver” o grito lá transcrito, absoluto e real.
As ondas flutuam de maneira caótica numa espécie de ciclos de duração identificadores da expansão do espaço preocupado em dar vazão ao grito.
Cores por vezes suaves como o azul, estão num ondular entre mar e terra, se misturam numa dança de movimentos ritmados. O ceu alaranjado também se perturba com o grito, porém, com menor intensidade, uma vez que mais distante da fonte emissora. O ceu entre o alaranjado e o amarelo se apresenta também em movimentos contínuos e que causam medo e incertezas, à espera de um amanhecer que liberte definitivamente o homem que grita.
Na Literatura, assim como na tela, nota-se um desejo de romper com um passado de formalidades e padrões. Linguagem fragmentada, despreocupação formal, sem rimas, sem estrofes, sem sujeito, sem verbos...
[...] Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
O cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
“Poética” Manuel Bandeira
O poeta critica a falta de espontaneidade dos poetas do passado e sua atitude burocrática e formalista perante a poesia. Prefere o lirismo dos loucos, bêbados e palhaços porque mais autênticos, não estão presos a valores sociais. O lirismo deve ser, antes de tudo, profundo e verdadeiro.
Assim nos conduziu o pintor, quando nosso olhar dirige-se ao protagonista, querendo chamar nossa atenção para si e para o novo, o contestador, deixando ao fundo, o tradicional, o formal, na figura do casal vestido de preto, cor indicadora de sobriedade, tradição e rigor.
Ao gritar, a figura tapa os ouvidos e dá as costas ao sol, à natureza, às pessoas, pois tudo parece estar contra si, transmitindo sua dramática solidão, porém podemos dizer que, natureza e pessoas podem ouvi-lo, pois ao gritar há vibração de cordas vocais, o som é agudo e, portanto, existe emissão de grande frequência.
Mesmo assim, o homem apresenta-se como um ser amargurado, que busca no grito a expansão de suas angústias e medos interiores.
Tanto a Literatura quanto a Física tentam deixar claro aos leitores dessas páginas, que sempre há várias “leituras” que podem ser feitas de uma obra de arte. Essas leituras podem ser usadas intencionalmente para atingir o resultado que se tem em mente.
Nosso objetivo é proporcionar reflexão e mostrar algumas marcas de possibilidades no plano da significação apoiadas na coerência e na emoção, por meio de um diálogo inédito entre a Física e a Literatura.